Transcrição completa dos relatos fornecidos pelos investigados.
“É realmente trágico o que aconteceu com o senhor Brandt. Um homem admirável, embora um tanto antiquado. Eu investi quase um milhão de euros nesse projeto. O mínimo que esperava era transparência. Ontem? Sim, estive na biblioteca. Eu havia recebido um aviso de instabilidade nos sensores da Ala 3. Como patrocinador, achei apropriado verificar. Tive acesso, sim. Mas não entrei na sala nova. Não tinha nem a chave! Apenas passei pelo corredor, conferi os cabos e fui embora. Me surpreende que estejam me tratando como suspeito. Tanta gente com problemas com Victor, a própria restauradora, por exemplo. Dizem que ela estava furiosa por não ter sido reconhecida. E quanto ao livro, eu nem sabia que ele já tinha sido catalogado oficialmente. É uma pena se ele sumiu. Mas minha única motivação aqui é o avanço cultural e histórico da cidade. A morte de Victor é uma perda irreparável.”
“Olha, eu tô sendo sincero com vocês. Eu trabalho aqui há seis anos, nunca tive problema. Aquela noite, por volta das oito, o senhor Frederico chegou. Disse que queria verificar os sensores de movimento da Ala 3, aqueles que ele ajudou a instalar com a empresa dele. Eu sei que não devia deixar ele entrar, mas ele é o patrocinador, entende? E falou com tanta segurança, com crachá e tudo. Ele saiu meia hora depois, parecia calmo. Não carregava nada nas mãos. Não notei barulho ou agitação alguma naquela ala. Sobre o envelope encontrado com denúncias contra mim... É verdade. Eu fiz besteira. Peguei três livros raros há uns meses. Tava devendo dinheiro, minha esposa tá doente. Mas nunca mataria ninguém! Eu só queria pagar as contas e devolver os livros depois. Não tenho nada a ver com a morte do Victor. Juro por Deus.”
“Eu, estou em choque. Eu trabalho nessa biblioteca há oito anos. O Victor sempre foi rígido, sim, mas ele era brilhante. E mesmo quando me irritava profundamente, eu o respeitava. Nós tivemos discussões, claro. Eu achei inaceitável ele não me incluir como coautora nos relatórios sobre a sala secreta, eu fui quem restaurou as paredes e encontrei os primeiros símbolos! Mas, matá-lo? Jamais. Ontem eu saí da biblioteca às 18h10. Assinei o ponto. Voltei pra casa, estava trabalhando em uma tese até tarde. Ah, sobre o livro de visitantes? Não fui eu que assinei depois desse horário. Não reconheço aquela caligrafia, embora admita que seja parecida com a minha. Talvez estejam tentando me incriminar. Ou talvez Victor mesmo tenha assinado aquilo? Sei lá, eu só quero que descubram quem fez isso. E se alguém roubou aquele livro, então essa pessoa não tem ideia do que está nas mãos.”
“Sim, estive na biblioteca na noite passada. Estava investigando para minha matéria sobre a inauguração da sala secreta. Eu soube que o livro ‘O Código dos Mestres do Saber’ realmente existe, e que seu conteúdo é... controverso. Por volta das 19h45, fui até a sala de arquivos buscando relatórios internos sobre o processo de restauração. Encontrei alguns papéis, mas... nada demais. Levei um envelope comigo, sim. Não era confidencial, apenas anotações técnicas. O bibliotecário me viu? Que bom. Isso prova que eu não estava escondendo nada. Se quisesse fazer algo errado, não teria deixado ninguém me ver, certo? Sobre a morte de Victor... Não tenho palavras. Era um homem duro, mas um pilar daquela instituição. Espero que a verdade venha à tona. E, se alguém pegou aquele livro... precisa ser detido.”
“Ontem à noite foi... esquisito. Estava tudo muito silencioso. Mais do que o normal. Eu sou meio distraído, eu sei. Mas reparei em coisas diferentes. Primeiro, a luz da Ala 3 piscou por um tempo. Depois, vi a senhorita Lindberg saindo da sala de arquivos com um envelope escondido. Ela tentou disfarçar, mas eu vi. Não vi o senhor Frederico, mas escutei passos pesados por ali. Achei que fosse o Dmitri. Agora vejo que não. A parte mais estranha? Lá pelas 20h30, senti um cheiro muito forte, químico, vindo do corredor dos fundos. Coisa de segundos, depois desapareceu. Pouco depois, vi uma figura saindo pela porta dos fundos com uma mochila. Grande. A luz do poste estava queimada, então não vi o rosto. Aquilo não era normal. Agora, saber que Victor morreu... Meu Deus. Talvez se eu tivesse prestado mais atenção.”